MOVIMENTOS POLÍTICOS

Sumário

Nesta seção trouxemos matérias jornalísticas e outros documentos referentes aos acontecimentos abaixo citados.

Revolução de 1923

Revolução de 1930 - O Barracão Liberal


Registros jornalísticos da emancipação municipal em 1931


Os comícios de 1946



Revolução de 1923

A apuração da tensa eleição estadual ocorrida em novembro 1922, entre Borges de Medeiros e Assis Brasil, foi realizada por uma comissão composta por três deputados: Getúlio Vargas, Ariosto Pinto e José de Vasconcelos Pinto. Em 17 de janeiro de 1923 a comissão declara Borges de Medeiros vitorioso com 106.360 votos, contra 32.21 de Assis Brasil. O líder republicano ia para seu quinto mandato consecutivo. 

Acusações de fraude e a exaustão social por mais um mandato de Borges culminou em um movimento armado na tentativa de impedir o novo mandato, que se iniciou no dia 25 de janeiro de 1923, em Carazinho e Passo Fundo. O movimento também ficou conhecido como Revolução Assisista, em alusão a Assis Brasil.

Foi de Carazinho que o federalista e Deputado Estadual Arthur Caetano emitiu um telegrama ao Presidente da República, Arthur Bernardes, no dia 24 de janeiro de 1923, informando-lhe da existência de um grupo armado de mais de 3.000 homens, que só estariam dispostos a largar as armas se Borges de Medeiros renunciasse. 

O telegrama do deputado federal é também citado no célebre "Álbum dos Bandoleiros" (Acervo Fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa), que assim manifestou:

"Carazinho, 24 de janeiro de 1923

Sr. Presidente Republica. Rio. A situação de desespero creada pelo borgismo compressor e sanguinario, transformou, hoje, a nossa altiva região serrana em vasto acampamento militar. Quatro mil cidadãos levantaram-se hoje no dorso destas cochilas, protestando de armas em mão contra a usurpação do tyranno. Sobre Passo Fundo cahiam diariamente as cóleras da dictadura porque Passo Fundo foi o baluarte do bernardismo no Rio Grande do Sul. Não correrá mais sangue se o dictador renunciar o seu falso mandato ou si V. Ex. desdobrar sobre as nossas plagas infortunadas, as garantias constitucionaes que nos fallecem, integrando o Rio Grande no concerto da federação braszileira. (A) Arthur Caetano".

Na obra "Carazinho, nossa terra e nossa gente" (2006, p. 123), Bocorny cita que nas reuniões regionais pouco antes da revolução "[...] participavam os carazinhenses Salustiano de Pádua e João Rodrigues Menna Barreto". A revolução começa com o Gal. Menna Barreto, Cel. Salustiano de Pádua e o Deputado Arthur Caetano rebelando as localidades de Carazinho e Passo Fundo e, em janeiro e fevereiro, a revolução começa a se dissipar na região (Palmeira das Missões, Nonoai e Erechim), até que atinge, no final de abril de 1923, todo o Estado. Ainda em abril, o governo borgista negou a emancipação de Carazinho, entretanto, os bandoleiros (revolucionários), comandados pelo General Menna Barreto, anunciaram a emancipação da cidade, nomeando-a de "Assisopolis".

Líderes da Revolução. Álbum dos Bandoleiros, Porto Alegre, 1923, p. 13. Acervo Fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
Líderes da Revolução. Álbum dos Bandoleiros, Porto Alegre, 1923, p. 13. Acervo Fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa


Gal. Felippe Portinho no centro. No seu lado direito, o Cel. Salustiano de Pádua. Acervo Fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa
Gal. Felippe Portinho no centro. No seu lado direito, o Cel. Salustiano de Pádua. Acervo Fotográfico do Museu da Comunicação Hipólito José da Costa

A foto acima é a única em que todos os líderes da revolução de 1923 aparecem juntos, na ocasião da "Conferência de Bagé", ocorrida em 14 de dezembro de 1923, no Castelo de Pedras Altas, em Bagé/RS.  No centro da imagem consta o Ministro da Guerra, Gen. Setembrino de Carvalho, que veio ao Rio Grande do Sul para mediar o fim do conflito, que durou 300 dias. Nesta oportunidade, o Ministro coletou a assinatura de Assis Brasil para a Ata de Pacificação. No dia posterior, no Palácio do Governo, foi a vez de Borges de Medeiros assinar o documento.

Dentre as exigências compactuadas, estava a reforma no artigo nono da Constituição, proibindo a reeleição, e a adaptação das eleições estaduais e municipais à legislação eleitoral federal. Confira abaixo algumas matérias jornalísticas abordando a revolução de 1923 e o município de Carazinho/RS.

Abaixo, algumas matérias jornalísticas que citam Carazinho na Revolução de 1923. Para acessá-las, basta clicar na respectiva janela escolhida.

De Carazinho, telegrama do General Firmino de Paula / O Correio Paulistano (SP/1923)

Revolução de 1930 e o Barracão Liberal de Carazinho

Durante a revolução de 1930, Carazinho situava-se como localidade de passagem das tropas revolucionárias que se dirigiam à linha de frente do combate, especialmente para o Paraná. Na ocasião, mesmo ainda não emancipado, um movimento espontâneo conduzido por nossos conterrâneos buscou contribuir com a revolução. Através do intitulado "Barracão Liberal", fixado na estação da Viação Férrea (localidade da Gare), o povo carazinhense realizou o fornecimento de refeições, cigarros, pães, biscoitos, imagens sacras (com ajuda do Padre João Sorg), além de distribuir mais de 30.000 cafés aos soldados que eram levados pelos trens rumo ao "front". A hospitalidade e o patriotismo observados em Carazinho, especialmente quando da passagem do trem que conduzia os líderes da revolução, fez o General José Antônio Flores da Cunha prometer que vitoriosa a revolução Carazinho seria emancipado. E, assim foi feito por Flores da Cunha, na condição de interventor federal no Rio Grande do Sul (1930-1937) elevou Carazinho a categoria de município a 24 de janeiro de 1931, através do Decreto número 4.709.

O "Barracão Liberal"
O "Barracão Liberal"

Registros jornalísticos da emancipação de Carazinho e atos subsequentes


Os comícios de 1946

Assim registrou o jornal "Diário da Noite (RJ)", de 04 de novembro de 1946, na página de capa: 

CERCADA A CIDADE DE FUZIS E METRALHADORES - Estão chegando reforços para garantir a ordem

De 30 a 50 prisões e apreensões de facões, barras de ferro, pistolas e revólveres - Passeata anti-comunista aos "viva o Brasil" - Os últimos acontecimentos numa do cidade do Rio Grande do Sul.

Retornado à legalidade em outubro de 1945, o Partido Comunista Brasileiro (PCB), através de seus filiados em Carazinho/RS (cerca de 20), tentaram organizar um comício na cidade no dia 30 de outubro de 1946. O local era em frente à Prefeitura Municipal, todavia, foram impedidos por demais populares, que vaiaram a tentativa e permaneceram cerca de uma hora nos arredores, buscando impedir o comício. Na ocasião, o delegado substituto, João Cândido de Freitas, encerrou o comício.

No dia seguinte, 31 de outubro de 1946, que amanheceu chuvoso, estava marcado outro comício pelos filiados do PCB em Carazinho/RS. Por conta da chuva, que permaneceu, o comício não ocorreu. Na oportunidade, sabendo da tentativa do PCB de tentar realizar um comício, alguns munícipes mantiveram, apesar da chuva, um comício de viés anticomunista. Nessa oportunidade, conforme registra a matéria jornalística resgatada:

Em dado momento, os manifestantes dirigiram-sem à residência do sr. Eduardo Graeff, pai do dr. Walter Graeff, chefe comunista em Carazinho, onde se encontravam outras pessoas e entregaram-se em depredações, jogando pedras nos vidros das janelas.


No dia 01 de novembro de 1946, às 20h, os filiados comunistas tentaram mais uma vez realizar um comício. Uma força policial vinda de Passo Fundo esteve presente, para garantir a realização do comício, transferido duas vezes. No mesmo horário marcado para iniciar o comício, Bocorny (2006, p. 133) cita que:

"[...] enorme multidão avançava na escuridão da noite, pois a luz fora cortada pela população indignada, que avançou pela avenida, gritando e assoprando apitos. Quando os 3.000 carazinhenses chegaram próximo à praça, foram impedidos na sua marcha pela força policial postada na avenida de baionete calada. A multidão estacou e começou a entoar o Hino Nacional e, enquanto isso, a maior parte, iludindo a força policial, deu a volta e subiu aos poucos a outra rua. Uma hora depois a multidão se achava reunida em frente ao prédio da Prefeitura, aguardando o início do comício. Os comunistas não apareceram. Após 3 horas de espera, o povo retornou sossegado para seus lares".

As informações citadas por Bocorny são complementadas pela matéria, que cita:

"Antes das 18h, milhares de pessoas se comprimiam já à Avenida Flores da Cunha, dando morras a Prestes e ao comunismo, classificando-os de "quinta-coluna russa".

[...] repentinamente, faltou luz em todas a cidade. Os anti-comunistas haviam cortado os fios condutores de energia, sequestrando os responsáveis pela usina".

Os filiados do PCB mantiveram a decisão de realizar um comício e, mais uma vez, no dia subsequente, uma nova tentativa. Em 02 de outubro de 1946, o Partido Comunista conseguiu deslocar uma nova força armada de Passo Fundo, com cerca de 150 homens e 20 cavalos para garantir a realização do comício. Para evitar novo enfrentamento, foi estabelecido um acordo entre o povo "anticomunista" e a força policial, como elenca a matéria.

"O comício comunista realizar-se-à às 13 horas, no largo da Prefeitura. As forças policial e da Brigada estão alertas, conforme ficou assentado em reunião na Prefeitura".


Referências Bibliográficas

  • BOCORNY, Lio Guerra; GOMES, Odillo. Carazinho, nossa terra e nossa gente. Poesias e apontamentos. Carazinho: Gráfica Imperial, 2006.


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